Uma floresta atingida pelo menos uma vez pelo fogo tem bichos diferentes dos encontrados nas matas intocadas. Isso acontece porque as queimadas matam as plantas menores e abrem “brechas” na floresta, as quais permitem a entrada de bichos que não são nativos da mata.
É o caso das emas. “Sem o incêndio, esses bichos não conseguiriam se deslocar pela mata”, explica o biólogo Oswaldo de Carvalho Júnior, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Tais animais acabam competindo por alimentos (insetos) com os bichos nativos, como os macacos, que podem diminuir em quantidade na área queimada.
Como a velocidade de espalhamento do fogo é lenta (25 metros por hora), os animais de maior porte conseguem fugir. Mamíferos nativos, como antas e onças, só voltam para a área quando a floresta já está em processo de regeneração.
Os cientistas estão acompanhando também como alguns bichos contribuem para reduzir os impactos das queimas. Um exemplo inesperado são as saúvas, cuja construção arenosa dos seus enormes formigueiros bloqueia a passagem do fogo, já que a areia não é inflamável.
Os estudos acontecem numa fazenda do Grupo Amaggi que tem mais de 80 mil hectares (aproximadamente metade da cidade de São Paulo). A área do experimento foi emprestada, por meio de uma parceria com o Ipam, e será devolvida depois de ser regenerada. (SR)
Fonte: Folha Online