
Um pequeno grupo de formigas pode ser a chave para entender os mecanismos que regulam a organização de colônias de insetos e o desenvolvimento de suas diversas castas, como rainhas, operárias ou babás.
Aliás, “pequeno” não é um bom adjetivo para usar em relação aos bichos. Os supersoldados, formigas com mais que o dobro do tamanho de seus parentes, não existem naturalmente na espécie Pheidole morrisi, mas pesquisadores canadenses conseguiram induzir seu desenvolvimento em laboratório.
Para tanto, eles aplicaram hormônios durante a fase larval dos insetos, o que ativou genes que normalmente permanecem inativos.
Na natureza, essa estimulação das larvas, feita pelas formigas adultas, também acontece, mas resulta apenas na diferenciação entre rainhas e operárias.
No artigo publicado na revista “Science” nesta semana, o coordenador do estudo, Ehab Abouheif, explica que os supersoldados são uma forma ancestral da espécie, que no passado era crucial para a defesa do ninho contra invasões de predadores.
No entanto, a mudança de hábitos do inseto ao longo do tempo tornou essa casta obsoleta, fazendo com que ela deixasse de se desenvolver naturalmente.
“O que estamos mostrando é que o potencial evolutivo continua presente nesses indivíduos e que ele pode ser estimulado por fatores ambientais”, afirma ele.
O segredo dos pesquisadores foi adicionar mais uma etapa de estimulação pelos hormônios, provocando a nova diferenciação.
Embora o objetivo do experimento tenha sido entender a diferenciação das formigas, os autores defendem que o modelo pode servir para estudos semelhantes em outras espécies, não só insetos.
Fonte: Folha Online